domingo, 27 de dezembro de 2009

Cuidados de Enfermagem ao doente traqueostomizado

Sumário



0- Introducção................................................................................................ 2

1- Traqueostomia – abordagem teórica............................................................ 3
1.1- Indicações vantagens e desvantagens........................................................ 4
1.2- Complicações no pós-operatório imediato, tardio e após remoção da cânula 5
1.3- Tipos de cânulas...................................................................................... 6
1.4- Quando insuflar o cuff ............................................................................. 7
1.4.1- Técnica de insuflação ........................................................................... 7
2- Cuidados de Enfermagem............................................................................ 8
2.1- No pós- operatório imediato..................................................................... 8
2.2- Cuidados gerais ao doente com Traqueostomia ........................................ 8
3- Plano standard segundo CIPE/ICNP.......................................................... 13
4- Conclusão................................................................................................ 16
Bibliografia................................................................................................... 170-Introducção



Este trabalho insere-se no âmbito do programa de acções de formação do Serviço de Internamento da Cirurgia Torácica do CHVG. Consequentemente, o contíudo deste visa colmatar e rever conhecimentos teóricos, assim como elaborar orientações que permitam melhorar a prática clínica ao nível da detecção de problemas em que a Enfermagem pode intervir e/ou também na vigilância a Ter sob este tipo de doentes.
Sendo assim, este trabalho è composto por 3 partes: uma primeira em que se procura fazer uma abordagem teórica sobre a traqueostomia; uma segunda parte em que se apresentam os cuidados de Enfermagem fundamentados; e finalmente uma terceira parte em que procuramos aplicar os conceitos anteriores a nossa pratica diaria a través da elaboração de um plano standard segundo a linguagem da CIPE (a qual è pela primeira vez utilizada neste serviço), além disso incluímos em anexo normas orientadoras para a execução do penso da traqueostomia e da aspiração de secreções, procedimentos estes que fazem parte das intervenções incluídas no plano standard.
A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica e observação directa da prática clínica.
Traqueostomia: abordagem teórica


A traqueostomia é uma abertura artificial na traqueia (ver fig. ) na qual o tubo é inserido. É utilizada para:

13-Estabelecer e manter uma via respiratória.
14-Impedir a aspiração de vómito de alimentos, vedando a traqueia e separando-a do tubo digestivo na pessoa inconsciente ou paralisada.
15-Tratar o doente que necessita de ventilação com pressão positiva e não pode ser dada eficazmente por meio de máscara.
A opção de se efectuar inicialmente entubação endotraqueal ou traqueostomia depende das instalações disponiveis e da opção do médico. Actualmente a maior parte dos médicos consideram mais seguro fazer entubação endotraqual de emergência e depois fazer a traqueostomia como procedimento sem carácter de emergência, no bloco operàtorio, se for necessário apoio ventilatório prolongado.
O tubo endotraqueal não permanece colocado mais de 10 a 14 dias.


Indicações

A traqueostomia é efectuada no caso de:

- Paralisia da laringe bilateral, em que a passagem do ar è inadequada o que leva a dispneia incapacitante e estridor com esforço.
- Edema agudo da laringe que faz com que a via aérea se estreite ou feche, e exige a restauração da passagem do ar. O edema agudo da laringe pode resultar de choque anafilatico, urticária, laringite aguda, grave doença inflamatória da garganta ou edema após entubação. Se este for crónico devida a tratamento da laringe por radiações ou tumores do pescoço, exige uma traqueostomia.
- Se for necessário manter uma via respiratória durante um periodo prolongado ou se houver traumatismo das vias aéreas que impeçam o emprego de um tubo endotraqueal como por exemplo, queimaduras graves, obstrução da laringe causada por tumores, infecções ou paralisia das cordas vocais.
A traqueostomia pode ser temporária ou definitiva.
É definitiva no caso de tumores da laringe (laringectomia). Estes doentes necessitam sempre da traqueostomia para evitar a aspiração de alimentos e de liquido para dentro do tracto respiratório inferior, porque a laringe que fornece o esfíncter protector não está presente.
É temporária no caso de laringectomia parcial, no caso de doentes que precisam de apoio ventilatório prolongado, sendo removida a canula de traqueostomia logo que o doente deixe de precisar de apoio ventilatório.


Vantagens e desvantagens


A traqueostomia é a via de eleição para manutenção das vias aéreas a longo prazo, sendo isenta das complicações orais, nasais, faríngeas, laríngeas da entubação endotraqueal. O tubo é mais curto, mais largo e menos curvo que o tubo endotraqueal, assim a resistência oferecida ao fluxo de ar é menor e a respiração processa-se com maior facilidade. Há outras vantagens mas também algumas desvantagens que se encontram no quadro seguinte.

Vantagens
Desvantagens
- Maior facilidade na remoção das secreções, tanto através da aspiração como
pela tosse.
- Maior aceitação e conforto do doente.
- Possibilidade do doente se alimentar e falar.
- Facilita o desmame do ventilador, dado que após a desconexão é mais fácil a respiração a traves de uma canula de traqueostomia.
- Ausência de lesão da laringe.
- Ausência de entubação endobrônquica.
- Não compromete a higiene oral e drenagem dos seios.
- Fixação mais fácil.
- No doente que respira espontaneamente é mais fácil a ligação ao ventilador no caso de surgir dificuldade respiratória.
- Necessita intervenção cirúrgica e anestesia.
- Se ocorre exsudação durante as primeiras 24 horas, pode ser difícil reinserir a canula.
- Possibilidade de criação de falso trajecto em doentes com pescoço grosso.
- Possível laceração da membrana traqueal posterior durante a inserção da canula.
- Erosão da artéria inonimada (é secundaria a necrose da parede anterior) pela extremidade da sonda ou no caso de traqueostoma baixo. È uma complicação rara mas potencialmente letal (expulsão de sangue vivo, sonda de traqueostomia pulsátil e perda de sangue continua pela de traqueostomia pulsátil e perda de sangue continua pela canula de traqueostomia.




Complicações da traqueostomia


As complicações podem ocorrer no inicio ou tardiamente na evolução do controle do tubo de traqueostomia. Podem até ocorrer anos após Ter sido removido o tubo.
Imediatamente após a realização da traqueostomia pode surgir:
- Hemorragia.
- Pneumotoráx.
- Embolia gasosa.
- Aspiração (resultante da escolha inadequada da sonda ou insuficiente insuflação do cuff).
- Enfisema subcutâneo e/ou do mediastino (ocorre quando o ar se escapa da incisão da traqueostomia para os tecidos, atravessa os planos da fascia subcutânea e vai acumular-se na face, pescoço e faringe).
- Lesão do nervo laríngeo.
- Penetração da parede traqueal posterior.

As complicações a longo prazo incluem:
- Obturação das vias aéreas em virtude do acumular de secreções ou protusão do balão sobre a abertura do tubo.
- Infecção. A traqueostomia requer uma incisão da traqueia que está associada a risco de infecção da sutura e sepsis. Os cuidados assépticos ao local da inserção e a utilização de uma técnica de aspiração correcta contribuem para reduzir o risco de infecção.
- Ruptura da arteria inonimada (ver desvantagens).
- Disfagia
- Fistula traqueoesofágica é secundaria a uma necrose da mucosa da parede posterior da traqueia devido ao cuff durante 3 a5 dias. A fistula permite a fuga de ar para o estomago e também a aspiração do conteúdo gástrico para a traqueia. Pode suspeitar-se desta situação peranta a necessidade crescente de introducção de ar no cuff.

Os problemas que podem surgir depois de removida a canula são:
- Estenose traqueal que ocorre uma semana a 2 anos após a traqueostomia. Resulta da cicatrização da zona lesada devido à permanência do cuff.
- Paralisia das cordas vocais (secúndaria à lesão do nervo laríngeo).




Tipos de cânulas


Ao longo dos anos muitos têm sido os diferentes materiais e modelos utilizados. A maior parte das cânulas são feitas de material plástico e possuem um cuff. Os materiais das cânulas estão continuamente a ser sujeitos a avaliação para se encontrar uma substância flexível, que não produza irritação nem permita que as secreções adiram e sejam estáveis dentro do organismo. Os tubos de metal foram usados durante muitos anos e são feitos de prata ou possuem banho de prata. Devido á sua rigidez e desconforto provocado no doente, elevado risco de necrose por pressão, estimulação da produção de muco pelo metal e irritação tecidular que produzem, estas cânulas já não são utilizadas e quando são utilizadas , geralmente destinam-se a doentes com uma traqueostomia permanente após laringectomia.
As cânulas de PVC (cloreto de polivinilo) são as mais frequentemente utilizadas, devido à sua baixa toxicidade tecidular e maleabilidade à temperatura do corpo e também por serem mais baratas que as de silicone (silastic).
As cânulas de traqueostomia podem ter um único lúmen ou uma cânula interna e outra externa.

As cânulas de lúmen simples podem necessitar de ser mudadas mais frequentemente que as cânulas de duplo lúmen, isto, porque são mais difíceis de limpar e mais susceptíveis de ficarem obstruídas. Em contrapartida as cânulas de lúmen simples proporcionam um maior diâmetro para o fluxo de ar que as de duplo lúmen, reduzindo, assim a resistência ao ar e permitindo que o doente ventile através dela com maior facilidade.

As cânulas de duplo lúmen tem a possibilidade de se retirar a interna para ser limpa ou até ser substituída. Está deve ser limpa diariamente e em S.O.S. com o uso H2O2 e solução alcoólica diluído ou uma solução desinfectante. As mudanças da cânula externa devem acontecer semanal ou quinzenalmente garantindo a sua mobilidade, limpeza e bom funcionamento.
A 1º mudança da cânula externa é feita com o apoio do médico que realizou o estoma e só deve acontecer ao 3º ou 4º dia após a sua realização.
Aquando da mudança da cânula externa corre-se o risco de o estoma fechar pelo que se deve ter sempre à mão um dilatador traqueal ou pinça hemostática curva, esta deve ser usada também no caso de a cânula ser expulsa pela tosse. A função desta pinça ou dilatador é conservar a abertura permeável.
Uma cânula de traqueostomia fenestrada, tem uma abertura na parte superior da cânula externa, que permite que o ar inspirado através do nariz, passe pelo seu interior. Quando a abertura externa é tapada, o ar pode passar pelas cordas vocais, permitindo que o doente fale. Se for necessário, assistência ventilatória , a cânula interna poderá ser inserida, de modo que o doente possa ser ligado a um ventilador.


Quando se deve insuflar o cuff


O cuff só deve ser insuflado no caso de:

- Ser necessário ambuar o doente.
- Ser necessário ventilação controlada.
- De se alimentar o doente inconsciente por gavagem par impedir que haja aspiração de alimentos.
- Ser necessário exercer pressão nos locais de hemorragia, após intervenção cirúrgica na garganta ou no pescoço.




Técnica de insuflar cuff


Encher uma seringa de 10 ou de 20 ml de ar, insuflar lentamente o cuff .
À medida que o ar é introduzido, avaliar a fuga de ar em volta do tubo.
Esta é determinada :
- Pela capacidade do doente em falar ou emitir sons.
- Pela possibilidade de se sentir ar a sair pela boca do doente.

Quando a via respiratória está fechada e não há passagem de ar detectável em volta da cânula, retirar 0,5 ml de ar. Isto cria uma «fuga mínima», e assegura que esteja a ser exercida a mínima pressão possível sobre a parede da traqueia, prevenindo assim complicações de que já falamos com:
- Traqueomalacia
- Estenose traqueal
- Fístula traqueo-esofágica
- Erosão de um vaso sanguíneo importante.


Cuidados de enfermagem


O doente com traqueostomia é um doente que depende muito da equipe de enfermagem. Após ter-lhe sido efectuada uma traqueostomia ele pode ficar apreensivo devido à sua incapacidade de comunicar com os outros e com o medo de asfixiar.


Cuidados de enfermagem no pós-operatório imediato


No pós-operatório imediato será necessária grande vigilância do doente , para despiste de complicações que possam surgir, das quais já falamos anteriormente.

- Monitorização continua.
- O estoma recentemente feito deve ser mantido, através da aspiração de secreções adequada . Esta deve ser efectuada de 5 em 5 minutos durante as 1º horas do pós-operatório. A necessidade de aspiração poderá ser determinada pelo som do ar que vem da cânula especialmente se o doente respirar fundo. Quando a respiração é ruidosa , o pulso e a frequência respiratória aumentam, o doente necessita de aspiração. Os doentes que estão conscientes podem geralmente indicar quando necessitam de aspiração. Um doente que consiga expulsar as secreções pela tosse não necessita de ser aspirado tão frequentemente.
- Se os sinais vitais se encontram estáveis, o doente deve ser colocado em semi-fowler para facilitar a ventilação, promover a drenagem, minimizar o edema e evitar a tensão sobre as linhas de sutura.
- Os analgésicos e sedativos deverão ser administrados cuidadosamente de modo a não deprimir o centro respiratório assim como o reflexo da tosse.


Cuidados gerais ao doente com traqueostomia


A traqueostomia constitui uma porta aberta à entrada de microorganismos patogénicos para vias respiratórias inferiores, aumentando o risco de infecção. É essencial que sejam rigorosamente implementadas as seguintes intervenções preventivas de enfermagem.

1- Reduzir ao mínimo o risco de infecção.
Qualquer tubo inserido no interior da traqueia provoca irritação da mucosa e em consequência há maior produção de muco.


PROCEDIMENTOS
FUNDAMENTOS
- Observar o doente regularmente quanto ao excesso de secreções e fazer aspiração segundo norma do serviço e com a frequência necessária.

- Substituir traqueias , peça em T ou máscara de O2 sempre que estas caiam ao chão e protege-las quando não estão a ser usadas pelo doente.

- Remover a água que condensa na traqueia e não a introduzir novamente no nebulizador.

- Despejar a água destilada restante do nebulizador de cada vez que este é enchido de novo, ou pelo menos a intervalos de 24 horas.

- Fazer penso do estoma conforme norma do serviço.

Remove as secreções da árvore respiratória e melhora a oxigenação.












- Diminui a probalidade de contaminação e previne a proliferação de microorganismos.



2- Assegurar adequada ventilação e oxigenação.

PRODECIMENTOS
FUNDAMENTOS

- Vigilância das saturações de o2.
- Vigiar frequências respiratórias e expansão torácica que deverá ser simétrica.
- Posicionar o doente de 2 em 2 horas ou de 3 em 3horas se doente inconsciente.
- Proporcionar segurança e conforto.
- O cuff deve ser insuflado caso seja necessário ambuar o doente.





Assegurar que o doente está a ventilar bem .


Obter máxima ventilação e perfusão pulmonar, prevenindo também as úlceras de pressão.

Para que não haja fuga de ar entre o estoma e a cânula.




3- Proporcionar frequentes cuidados à boca .
As secreções têm tendência a acumular-se na boca e na faringe.

PROCEDIMENTOS
FUNDAMENTOS

- Fazer cuidadosa aspiração da orofaringe quando necessário.

- Inspeccionar os lábios, a língua e a cavidade oral regularmente.

- Limpar a cavidade oral com espátulas embebidas em tantun verde ou qualquer outro desinfectante oral.

- Aplicar vaselina ou qualquer outro lubrificante nos lábios gretados


Melhorar o conforto do doente, removendo as secreções que se tenham acumulado num acesso de tosse.



- Proporcionar higiene oral ao doente e hidratação oral e lábios.


4- Minimizar as dificuldades resultantes da privação da fala.

PROCEDIMENTOS
FUNDAMENTOS

- Estabelecer um método de comunicação aceitável.


- Organizar as perguntas, de modo que o doente possa responder com um simples «sim» ou «não», acenar de cabeça ou por movimentos das mãos.

- Se o doente sabe escrever, incentiva-lo a escrever num papel para comunicar .

- Conversar com o doente e explicar-lhe todas as actividades

- Encorajar a família e os amigos a falarem com o doente .

- Ter sempre a campainha ao alcance do doente .

- Orientar com frequência o doente .

- Repetir com insistência que a capacidade de falar regressará quando a cânula for retirada.






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- Estabelecer uma boa comunicação com o doente, de maneira a que ele fique menos apreensivo em relação ao seu estado e a que nós o possamos entender.




- Ajudar o doente a orientar-se no espaço e no tempo.







5- Manter o equilíbrio nutricional.
O doente com cânula de traqueostomia é geralmente capaz de deglutir e de fazer uma ingestão oral normal, excepto no caso de o doente estar inconsciente e terá que ser alimentado por SNG.

PROCEDIMENTOS
FUNDAMENTOS

- Providenciar alimentação tendo em conta os gostos do doente.

- Providenciar dieta liquida por SNG no caso de inconsciência.

- Incentivar o doente a ingerir dieta mole se consciênte.

- Insuflar cuff caso o doente seja alimentado por SNG.

- Elevar a cabeceira da cama a 45º.

- Se necessário administrar antes das refeições ou misturado com o alimento se SNG azul de metileno.

- Controlar regularmente a colocação da SNG e o conteúdo residual do estômago.



- Proporcionar equilíbrio nutricional e hidratação oral ao doente.





- Evitar aspiração de alimentos para a traqueia.


- Verificar o aparecimento de secreções traqueais tingidas de azul. Caso isto aconteça não continuar a alimentar o doente.
- Prevenir a regurgitação e vómitos de alimentos.


Após a remoção da cânula de traqueostomia verifica-se uma fuga de ar temporária no local da incisão. Pode fazer-se a aspiração do estoma. Contudo, o uso frequente do estoma para fazer a aspiração pode atrasar o encerramento e a cicatrização da traqueostomia.


Plano de cuidados segundo a Classificação Internacional da Prática de Enfermagem


Ao elaborar este trabalho decidimos criar um plano de cuidados standard para o doente traqueostomizado. Sabemos que um plano standard para uma situação especifica pode ser redutor quanto aos cuidados globais que devemos prestar aos nossos doentes por isso devemos ter em atenção que este plano standard deve ser completado com os problemas pertencentes a outras áreas que também são da responsabilidade da Enfermagem.
Decidimos também que adoptaríamos a linguagem da Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE). Seguidamente, temos uma pequena abordagem introductoria a esta classificação que nos parece ser a mais completa e concensual daquelas que até hoje foram desemvolvidas.
A CIPE deverá permitir medir a enfermagem nas três dimensões seguintes:
- a diversidade das populações de clientes de um ponto de vista de enfermagem (problemas/diagnósticos de enfermagem)
- a variabilidade dos padrões das práticas (intervenções de enfermagem)
- as variações dos resultados clínicos de enfermagem (resultados)
Este tipo de informação acerca da pratica de enfermagem é potencialmente útil par influenciar as políticas de saúde, tornando a pratica de enfermagem mensurável de uma forma internacionalmente reconhecida.
Desde 1989, o ICN-Concelho Internacional de Enfermeiros vem desenvolvendo a CIPE recorrendo a um processo de 3 etapas: colheita de termos (pesquisando em classificações anteriores), agrupamento dos termos e hierarquização dos termos em grupos estabelecidos.
Esta hierarquização de termos pode ser visualizada como uma pirâmide de conceitos. Sendo assim uma CIPE ideal terá 3 pirâmides:
- uma para os problemas/diagnósticos de enfermagem (de forma suplementar a classificações existentes por ex. doenças, desvantagens, deficiências e incapacidades).
- uma para intervenções de enfermagem (suplementar a intervenções médicas e cirúrgicas)
- uma para os resultados esperados das acções de enfermagem.
Em 1992 a União Europeia, iniciou um projecto de informatização de dados de enfermagem. Em 1995 foi adoptado que este projecto (Telenurse) se deveria centrar na promoção do consenso acerca do uso da CIPE na Europa (classificação/linguagem comum a ser usada na Europa).
A seguir apresentamos o plano de cuidados para o doente traqueostomizado.

Cama _______


Etiqueta do doente




Plano de Cuidados Standard: Traqueostomia


Fenómenos de Enfermagem

‚ Limpeza ineficaz das vias aéreas

‡ Aspiração-potencial

‡ Ferida cirúrgica

‡ Acção comunicativa

‡ Mucosas secas

‡ Outros __________________________

__________________________



Intervenções de Enfermagem


- do tipo: Observar

‡ Monitorizar S-V
‡ Inspeccionar traqueostoma e sonda de traqueostomia
‡ Auscultar tórax
‡ Palpar tórax
‡ Avaliar secreções
‡ Avaliar comunicação


- do tipo: Gerir

‡ Optimizar ventilação: Posicionar em semi-fowler ou fowler.
Programar hidratação ( ______ cm3/ hora)


- do tipo: Executar

‡ Aspirar secreções ( Procedimento nº ).
‡ Trocar penso da traqueostomia ( Procedimento nº ).
‡ Trocar cânula de traqueostomia.
‡ Preencher cuff antes das refeições.


- do tipo: Cuidar

‡ Encorajar comunicação ( formas alternativas á verbal ).


- do tipo: Informar

‡ Instruir ( tosse assistida, respiração diafragmatica )
4-Conclusão


Findo este trabalho ficamos com 3 ideias fulcrais:

- O doente traqueostomizado è um doente extremamente dependente dos cuidados que se lhe possam prestar, por isso a nossa acção deverá primar pela vigilância/monitorização de complicações e problemas com os quais o doente se depara.
- Por outro lado, a nossa acção deverá quando possível, proporcionar um maior nível de independência ao doente seja a través de um maior controle da parte respiratória ( exercícios respiratórios, tosse assistida), assim como da comunicação (utilização de linguagem não verbal).
- Quando isso não seja possível dado o estado de dependência do doente, a nossa capacidade de execução dos procedimentos deve ser de grande qualidade pelo alto impacto que têm sobre o doente.

Esperamos que este trabalho possa melhorar a nossa abordagem aos doentes traqueostomizados pois este é o principal objectivo deste trabalho, objectivo este que só poderá ser avaliado na nossa pratica clinica futura.
Quanto aos restantes achamos que este trabalho atinge os objectivo propostos de melhorar os conhecimentos do pessoal de Enfermagem acerca deste assunto, assim com aferir ideias acerca da abordagem ao doente traqueostomizado.


Bibliografia


THELAN, Lynne A. et all. “Enfermagem em cuidados intensivos: diagnostico e intervenção”. 2ª edição. Lisboa: Lusodidactica. Cap. 23 e 24.

SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. “Brunner/Suddart Tratado de Enfermagem médico-cirúrgica”. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 1994. Unidade 6.

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO JOÃO. “Enfermagem médico-cirúrgica modulo II : afecções do aparelho respiratório”. Porto: AESESJ, 1998.

THE DANISH INSTITUTE FOR HEALTH AND NURSING RESEARCH. “Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem ICNP/CIPE com introducção à telenurse”. Versão alfa. Lisboa: Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde.


































ANEXOS










Norma do penso de traqueostoma



A execução do penso tem por finalidade:

- Prevenir infecções.
- Manter a integridade dos tecidos.
- Vigiar o aparecimento de possíveis complicações.


Objectivos:

- Uniformizar procedimentos.


Material necessario:

- Campo esterilizado.
- Compressas esterilizadas.
- Luvas esterilizadas.
- Soro fisiológico ou agua destilada.
- Agua oxigenada.
- Iodopovidona.
- Nastro


Execução:

- Explicar procedimentos.
- Lavar as mãos
- Calçar luvas esterilizadas.
- Limpar a placa da sonda com agua oxigenada, e a seguir lavar o estoma.
- Lavar com soro fisiológico e realizar antissepsia com iodopovidona.
- Mudar nastro se sujo apertando-o de maneira a que 2 dedos possam ser inseridos sobre o nastro.
- Colocar compressas estereis entre a placa da canula e a incisão segundo a figura seguinte.




Norma de aspiração de secreções traqueal


Quando o tubo de traqueostomia está presente é necessário aspirar as secreções do doente porque a eficácia do seu mecanismo de tosse está diminuído.
A aspiração traqueal é realizada com base na avaliação dos ruidos adventicios ou sempre que as secreções estiverem nitidamente presentes. A aspiração desnecessária pode iniciar o broncospasmo e provocar um trauma mecanico na múcosa traqueal.
Todo o equipamento que entra em contacto directo com as vias aéreas inferiores do doente deve ser esterilizado de modo a prevenir infecções sistémicas e pulmonares.
A aspiração de secreções é efectuada para:

- Prevenir infecções.
- Manter as vias aéreas permeaveis.

Objectivo da norma:

-Uniformizar procedimentos.

Material necessário:

- Cateteres de aspiração (com 1/3 do lumen do traqueostoma).
- Luvas esterilizadas.
- Soro fisiológico de 10 ml.
- Frascos de SF de 100 ml.
- Máscara de protecção.
- Fonte de O2 com peça em T.
- Aspirador.

Execução:

- Explicar ao doente todos os procedimentos. Posicionar em semifowler com hiperextensão do pescoço.
- Lavar as mãos.
- Ligar a fonte de aspiração com pressão inferior ou igual a 120 mm/Hg.
- Verificar fonte de O2.
- Abrir o envolucro da sonda de aspiração e conectar ao aspirador.
- Pegar na sonda de aspiração com luva esterilizada.
- Introduzir algumas gotas de SF se secreções espessas.
- Inserir cateter aspirando e rodando-o suavemente com movimentos de 360º ( não mais do que 10 a 15 Seg.).
- Ventilar o doente com O2 nos intervalos das aspirações, pedindo ao doente que faça varias respirações profundas.
- Nos intervalos deve-se introduzir a sonda no frasco de SF estéril e aspirar.
- Aspirar cavidade orofaringea após asp. traqueal.
- Lavar sonda de aspiração e rejeite-a assim como o SF restante.
- Registar procedimento e características das secreções

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